"PARA TUDO"

domingo, 17 de março de 2013

A queda dos anjos

A queda dos anjos

 

 

O reinar justifica a ambição,
Inda que seja no próprio inferno!
É preferível reinar no inferno
Que servir como escravos no céu!

(John Milton, O Paraíso Perdido)

A “Queda dos Anjos”, o “Pecado Original”, a “Redenção da Humanidade”… Esses arquétipos repetem-se  em todas as línguas, revestem-se de todas as cores, e a tradição do pecado, do erro, da culpa, da rebeldia, permanece…
A memória de um grande erro renovando a enorme culpa perplexa e incompreensível. Qual foi, afinal, o grande crime da humanidade? De quantas humanidades?
A culpa da humanidade católica, a culpa dos judeus, a culpa dos muçulmanos, a culpa dos brâmanes e dos budistas, a culpa da ignorante massa de hinduístas, de fetichistas curandeiros das tribos incultas da África… Afinal, o que fizeram essas multidões para carregar todas as lembranças de sua desobediência ou ingenuidade original?
Para os gnósticos, teosofistas e ocultistas em geral, o “mito” do pecado original, da queda angelical e sua maldição foram um fato ocorrido muitos milhões de anos atrás, em tempos que nem remotamente sonham os historiadores acadêmicos. Tempos em que seres fantásticos se misturavam aos homens e às bestas. Ali ocorreram tragédias que os grandes mitólogos, tratadistas e profetas explicaram em contos tais como a história de Adão e Eva, a Serpente e o Paraíso, a guerra nos céus, a desobediência…
As escrituras mais antigas e tradições orais mais bem preservadas dizem que primeiro os anjos caíram e depois o homem pecou, um pecado que são se limita ao mero erro de conseqüências reversíveis. Ao contrário, cometeu um “erro fatal”, escolheu um caminho sem volta. Sem volta?
O Gênesis judaico-cristão, em linhas alegóricas gerais, descreve esse erro como uma desobediência: o homem comeu um “fruto proibido”. Era proibido comer; comeu, se deu mal. Não teve remédio, teve de ser expulso do Jardim do Éden, da felicidade paradisíaca, nirvânica.
A Queda dos Anjos. Este é um dos mais profundos mistérios da Teologia. A Bíblia afirma que Deus fez os Anjos tão perfeitos, como podem tais seres pecar? Esse Paraíso existiu realmente neste mundo físico.
Tratou-se da legendária Lemúria, tão decantada por Madame Blavatsky e o venerável mestre Samael Aun Weor (para saber mais sobre a Lemúria, clique aqui).
Este grande mestre gnóstico tece comentários interessantíssimos sobre alguns dos principais chefes angélicos dos primitivos tempos lemúricos.
Gente de alta estirpe espiritual que se transformou em demônios ou bodhisatvas caídos, em mestres caídos. Vejamos seu texto sobre os Anjos Caídos:
O ultramoderno Lúcifer-Prometeu, involucionando espantosamente no tempo, converteu-se agora em Epitemeu, o que se vê somente após o acontecimento, porque a gloriosa filantropia universal do primeiro se degenerou há muitos séculos em interesse e adoração próprios. Ó Deuses Santos!
Quando poderemos romper estas cadeias que nos atam ao Abismo do mistério? Em que época da história do mundo ressurgirá o brilhante Titã, livre de outrora no coração de cada homem? Morrer em nós mesmos é essencial se verdadeiramente ansiamos com todas as forças da alma harmonizar as duas naturezas: Divina e Humana em cada um de nós.
Invulnerabilidade ante as forças titânicas inferiores, impenetrabilidade em grande escala, somente são possíveis eliminando-se integralmente os nossos defeitos psicológicos, esses horríveis Diabos Vermelhos mencionados no Livro da Morada Oculta. Seth, o ego animal, com todos os seus sinistros agregados subjetivos sabe ser terrivelmente maligno.
Escrito está com carvões acesos no tremendo Livro do Mistério que o Dom Luciférico, terrível como nenhum outro, tornou-se mais tarde, para desgraça nossa e de todo este aflito mundo, a causa principal, senão a própria origem do mal.
Lúcifer, de Gustave Doré, para a obra O Paraíso Perdido, de John Milton
Zeus tempestuoso, o que amontoa as nuvens, representa claramente a hoste dos progenitores primários, os Pitris, os Pais que criaram o homem à sua imagem e semelhança. Não ignoram os poucos sábios do mundo que Lúcifer-Prometeu, Maha-Asura, o doador do fogo e da luz, e acorrentado horrivelmente ao Monte Cáucaso e condenado à pena de viver, representa também os Devas rebeldes que caíram na geração animal no amanhecer da vida.
Citamos neste livro ardente do fogo, alguns desses Titãs caídos ao raiar da aurora:
Recordemos, inicialmente, Moloc, Anjo outrora luminoso, horrível rei manchado de sangue dos sacrifícios humanos e com as lágrimas dos pais e das desesperadas mães. Apesar dos sons de tambores e tímbalos, apenas eram ouvidos os clamores dos filhos, quando arrojados ao fogo, e imolados sem piedade por aquele execrável monstro, belo deus de outros tempos.
Os amonitas o adoraram em Rabba e em sua úmida planura, em Argob e em Bassam, até as mais remotas correntes do Arno.
Conta a lenda dos séculos que Salomão, filho de Davi, rei de Sião, levantou um templo a Moloc no monte do opróbrio. Dizem os Sete Senhores do Tempo que posteriormente o velho sábio dedicou ao tal anjo caído um bosque sagrado no doce vale de Hinnom. Fecunda terra perfumada que por tal motivo tão fatal, trocara desde então seu nome de Tofet e a negra Geena, verdadeiro tipo de inferno. O Grande Pecado dos Anjos se chama SOBERBA.
Seguindo Moloc, Homem-Anjo da arcaica Lemúria vulcânica, onde os rios de água pura da vida emanavam leite e mel, vem Baal-Pehor, o obsceno terror dos filhos de Moab, que habitavam desde Aroer até Nebo e ainda muito além da parte meridional do deserto de Abarim. Povos de Hesebom e Heronaim, no reino de Sión e além dos florescentes vales de Sibma, atapetados de vinhedos, e em Elealé, até o lago Asfaltites. Espantoso, esquerdo, tenebroso Baal-Pehor, em Sittim incitou os israelitas durante sua marcha pelo Nilo a que fizessem lúbricas obrigações, que tanto mal acarretram-lhes.
Desde ali este Elohim caído entre os vermelhos incêndios luciferinos astutamente estendeu suas lascivas orgias tenebrosas até o próprio monte do escândalo, muito próximo do bosque do homicida Moloc. É óbvio que assim ficou estabelecida a concupiscência abominável ao lado do ódio, até que o piedoso Josias os arrojou ao inferno.
Com essas divindades terrivelmente malignas que trazem os nomes indesejáveis de Baal e Astarot, e que no velho continente Mu foram homens exemplares, anjos humanizados, socorreram as delícias ribeirinhas banhadas pelas águas tormentosas do antigo Eufrates até a torrente que separa o Egito da terra da Síria.
Continuando, depois, em ordem sucessiva, aparece Belial. Desde o Empíreo certamente não tem caído um espírito mais impuro, nem mais grosseiramente inclinado ao vício, que essa criatura que nos antigos tempos lemúricos fora realmente um Mestre, ou Guru Angélico de inefáveis esplendores. Esse demônio terrível em outros tempos não tinha templos, nem lhe eram oferecidos sacrifícios em nenhum altar.
Entretanto, ninguém está mais presente do que ele nos templos e nos altares. Quando o sacerdote torna-se ateu, como os filhos de Eli, que infelizmente encheram de prostituições e de violência a casa do Senhor, convertem-se, de fato, em escravos de Belial.
Hierofante sublime das épocas arcaicas de nosso mundo, anjo singelo, agora perverso demônio luciférico, que reina também nos palácios e nas cortes faustosas e nas cidades dissolutas, onde o ruído do escândalo, da luxúria e do ultraje eleva-se sobre as mais elevadas torres.
E quando a noite obscurece as ruas, então vagueiam os filhos de Belial, plenos de insolência e de vinho. Testemunhas dele são as ruas de Sodoma e aquela noite horrível em que uma porta de Gaaba expôs-se uma matrona para evitar um rapto mais asqueroso.
Inspirem-me, musas! Falem-me, deuses! Para que meu estilo não desdiga da natureza do assunto. E que direi agora de Azazel, glorioso Querubim, homem extraordinário da terra antiga? Oh, quanta dor! Essa criatura excelente também caiu na geração animal… Que terrível é a sede da luxúria sexual!
O caído arranca da haste brilhante o sinal imperial. Esta, estendida e agitada ao vento, brilha como um meteoro, com as pérolas e o rico brilho do ouro que desenham nela as armas e os troféus seráficos.
E vem após Mammon, o menos elevado dos Homens-Anjos da antiga Arcádia, igualmente caído na geração bestial. Ele foi o primeiro que ensinou aos habitantes da terra a saquearem o centro do mundo, como assim o fizeram extraindo das entranhas de sua mãe alguns tesouros que valeriam mais se ficassem ocultos para sempre.
A gente cobiçosa de Mammon abriu em breve uma larga ferida na montanha e extraiu de seu seio grandes lingotes de ouro.
E quanto ao anjo Mulciber, que diremos agora? Não foi verdadeiramente menos conhecido nem careceu jamais de adoradores fanáticos na antiga Grécia, isso o sabem os divinos e os humanos.
A fábula clássica refere-se como foi precipitado do Olimpo, arrojado pelo irritado Júpiter, por cima dos cristalinos muros divinais; de nada serviu-lhe haver elevado altas torres ao céu. Homem genial da raça purpúrea no continente Mu, caído nos Abismos da paixão sexual.
E concluindo esta pequena lista de “Deidades” fulminadas pelo raio da Justiça Cósmica, é necessário dizer que de nenhuma maneira faltam no Pandemonium, a grande capital de Satanás e de seus pares, Andrameleck, de que tanto temos falado em nossos passados livros gnósticos, e Asmodeu, seu irmão, dois resplandecentes Tronos do céu estrelado de Urânia, caídos também na geração animalesca. Homens exemplares, deuses com corpos humanos na terra de Mu, revolvendo-se agora abjetos no leito de Procusto.
Quanto mais alto se está, pior é a Queda…
A hoste Luciférico-Crística que encarnou na Lemúria arcaica, induzida por aquele Nêmesis ou Karma Superior (que controla os inefáveis e que é conhecido como Lei da Katância), cometeu o erro de cair na geração animal. Nefasta foi à humana espécie a queda sexual dos Divinos Titãs, que não souberam usar o Dom de Prometeu e rolaram ao Abismo.
Nossos salvadores, os Agnishvattas, os Titãs superiores do fogo luciférico, não podem jamais ser enganados. Eles, os brilhantes Filhos da Aurora, sabem muito bem distinguir o que é uma Queda e o que é uma Descida. Alguns equivocados sinceros empenham-se agora em justificar a queda angelical.
Lúcifer é, metaforicamente, o archote condutor que ajuda o homem a encontrar sua rota através dos recifes e dos bancos de areia da vida. Lúcifer é o Logos em seu aspecto mais elevado, e o Adversário em seu aspecto inferior, refletindo-se ambos em nós e dentro de cada um de nós.
Lactâncio, falando da natureza de Cristo, faz do Logos, o Verbo, o primogênito irmão de Satã e a primeira de todas as criaturas. Na grande tempestade do fogo luciférico combatem-se mutuamente esquadrões de anjos e demônios (protótipos e antítipos).
Se aquele bom Senhor Amfortas, Rei do Santo Graal, tivesse sabido usar habilmente o Dom Luciférico no instante supremo da tentação sexual, é ostensível que haveria passado por uma transformação radical.
Outra obra de Samael Aun Weor sobre os Anjos Caídos: A Revolução de Bel.

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