Brasil não pode ter uma posição de
subserviência, diz especialista sobre espionagem
Para
o advogado Daniel Gerber, os EUA cometeram crimes contra a segurança nacional e
violaram a Constituição brasileira
A
Cúpula do Mercosul, em Montevidéu, no Uruguai,
nesta quinta (11/07) e sexta-feira (12/07), pode ser a oportunidade para os
líderes latino-americanos definirem medidas efetivas destinadas a proteger a
privacidade dos dados dos cidadãos da América Latina de eventuais
monitoramentos. O advogado Daniel Gerber, especialista em direito penal e
internacional, disse à Agência Brasil que “o mundo jurídico é um ator
secundário, pois as definições estão com os governantes”.
“O
assunto é extremamente delicado e complexo, mas é preciso reagir. O mundo
jurídico é apenas parte das discussões. No caso do Brasil [se comprovadas as
denúncias], o governo norte-americano cometeu crimes contra a segurança
nacional, violando a Constituição e ultrapassando as regras sobre o Estado de
defesa”, disse o especialista. “Não se pode ter uma posição de subserviência
sobre o tema”, completou.
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Os
presidentes latino-americanos pretendem fazer uma declaração de repúdio às
denúncias de espionagem, por agências dos Estados Unidos, de dados na internet
e telefonemas de cidadãos norte-americanos e estrangeiros. No Brasil, as
denúncias foram divulgadas pelo jornal O Globo que detalhou os
procedimentos, informando, inclusive que houve uma espécie de estação de uma
das agências em Brasília. O governo brasileiro pediu explicação aos Estados
Unidos.
As
denúncias vieram à tona pela divulgação de informações do ex-consultor
norte-americano Edward Snowden, que era funcionário terceirizado de uma empresa
que prestava serviços para NSA (Agência de Segurança Nacional, na sigla em
inglês) e a CIA (Agência de Inteligência dos Estados Unidos, também na sigla em
inglês).
Agência
Efe
Os chanceleres Jaua (Venezuela), Almagro (Uruguai), Patriota (Brasil) e Timerman (Argentina) na Cúpula do Mercosul: declaração conjunta
Os chanceleres Jaua (Venezuela), Almagro (Uruguai), Patriota (Brasil) e Timerman (Argentina) na Cúpula do Mercosul: declaração conjunta
“Gostaria
que fosse proposto algum tipo de embargo aos Estados Unidos, sem que isso
demonstre animosidade. Contra atos concretos, é preciso estabelecer medidas
efetivas. Não sei que instrumentos podem ser adotados, mas que devem ser
definidos, isso é certeza”, disse o especialista.
Na
Cúpula do Mercosul nesta sexta (12/07), os presidentes devem anunciar uma
declaração cujo conteúdo se baseia na preocupação com as denúncias de
espionagem, a gravidade que elas representam e que são inaceitáveis. Além do
Brasil, a Colômbia, o México, o Equador e a Argentina se manifestaram sobre o
assunto condenando o monitoramento externo de informações de cidadãos.
O
tema será abordado também nesta quinta (11/07), pelos chanceles que participam
da Cúpula do Mercosul. Deverão discutir o assunto os ministros das Relações
Exteriores do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Venezuela, o Paraguai não
participa porque está suspenso do bloco) e da Unasul (União de Nações
Sul-Americanas), que reúne 12 nações.
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